quinta-feira, 1 de março de 2012

Festa grená: Caxias derrota o Novo Hamburgo e conquista a Taça Piratini

Após empate em 1 a 1 no tempo normal, equipe da Serra bate Noia nos pênaltis e garante lugar na grande decisão do Gauchão 2012




Por GLOBOESPORTE.COM - Novo Hamburgo, RS
Não havia Grêmio nem Inter, mas o Interior soube honrar a inédita decisão da Taça Piratini sem a estrelada presença da dupla Gre-Nal. Após 90 minutos recheados de tensão, alternativas e o empate em 1 a 1, o Caxias bateu o Novo Hamburgo nos pênaltis, por 3 a 2, e conquistou o primeiro turno do Gauchão na noite chuvosa desta quarta-feira, no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo. Novamente, assim como ocorrera diante dos gremistas, a equipe da Serra contou com o brilho de Paulo Sérgio para agarrar uma das cobranças decisivas.
Fora de campo, o Caxias também conseguiu destaque. Só que no apressado mundo das redes sociais. Virou um dos assuntos mais comentados do Twitter após o volante Mateus, que errou a única cobrança da equipe, se confundir e afirmar que "só bate quem erra". Prato cheio para uma nova hashtag ganhar a web e virar hit virtual.
Gafes à parte, com o troféu inédito aninhado nos braços, o Caxias já está garantido na grande decisão do estadual, ficando à espera do campeão da Taça Farroupilha. Se o time grená também vencer o segundo turno, assegura o Gauchão 2012 de forma antecipada. O último título estadual do Caxias ocorreu em 2000, sob comando do técnico Tite.
Com jeitão de torcedor, de camisa preta e calça jeans, Washington desceu a Serra e rumou ao Estádio do Vale para testar o seu o Coração Valente aposentado dos campos e torcer pelo seu Caxias. E foi bem representado em campo. Os dois centroavantes, Vanderlei e Mendes, se destacaram em campo, marcando os gols do empate em 1 a 1.
Mas não foi só Washington que viveu fortes emoções na noite de chuva insistente sobre o Estádio do Vale. Aliás, deram-se mal os torcedores menos otimistas, que projetavam uma decisão pouco atrante, já que Inter e Grêmio estava alijados da partida. As mais de seis mil testemunhas presentes na casa do Noia presenciaram um embate sem espaço para a letargia ou acomodação. Digno das equipes em questão, donas das melhores campanhas do campeonato até então.
A Taça Farroupilha, segundo turno do estadual, começa no próximo fim de semana. Sábado, às 18h30m (de Brasília), o Caxias enfrenta o Avenida, no Estádios dos Eucaliptos. Também pelo Grupo 2, o Novo Hamburgo encara o Cruzeiro-RS, domingo, às 17h, no Estádio do Vale.
Lá e cá, e emoção sem Gre-Nal
Ditado pelo ritmo do famoso "lá e cá", o jogo não parava. O primeiro tempo foi de superioridade técnica do Caxias, que conseguiu se estabelecer taticamente em campo. Mesmo assim, a primeira chance partiu do Noia. Num replay do lance que classificou a equipe diante do Juventude na semifinal, o goleiro Eduardo Martini deu um balão para o ataque. Mendes escorou e deixou Juba livre. Mas o artilheiro do Gauchão, com sete gols, isolou.
Aos poucos, o Caxias foi costurando o seu gol. Começou com uma chance desperdiçada por Caion, aos 15. Um minuto depois, Martini espalmou chute de Vanderlei. Aos 19, o mesmo Vanderlei perdeu uma chance que deve ter deixado Washington com vontade de entrar em campo. Sozinho, na pequena área, o camisa 9 tentou uma bicicleta mal-sucedida, que virou apenas tiro de meta. Aos 24, no entanto, surgiu a redenção. Finalmente, Vanderlei marcou. E em grande estilo. Recebeu pelo alto belo passe do lateral-esquerdo Fabinho, matou no peito e deslocou o goleiro: 1 a 0.
Caxias organizado, Noia valente
O gol amainou o ânimo da torcida da casa, que viu os poucos mais de mil caxienses vibrarem com a vitória parcial. Um dos torcedores chegou a passar mal na arquibancada. Os demais fãs reclamavam e creditavam o incidente não à emoção, mas, sim, ao apertado espaço dado aos visitantes. Acabou sendo levado pela ambulância a um hospital da região.
Atrás do placar, o Novo Hamburgo conseguiu juntar os cacos, frear a preocupação e transformar a desvantagem em força. Com alguns desfalques, Itamar Schulle ainda se viu obrigado a mexer para mudar o panorama do jogo. Colocou o jovem meia Clayton. Após isso, o Noia colecionou chances perdidas após o gol sofrido. Aos 29, o zagueiro Alexandre, sozinho na área, isolou uma grande oportunidade, após rebote de Paulo Sergio. No fim da etapa inicial, novamente Alexandre buscou as redes. Desta vez, fez tudo certo, cabeceou com força, mas encontrou a mão salvador do goleiro.
- Eles tiveram uma chance de gol e fizeram. Nós tivemos umas 30 e não conseguimos - reclamou Juba, antes de descer ao vestiário.
- Estamos com mais posse de bola. Vamos tentar matar o jogo - disse Vanderlei, quatro gols no Gauchão.
Depois da ambulância, a pressão total
Os mais de 15 minutos de atraso no intervalo, à espera do retorno da ambulância que foi levar o torcedor ao hospital, não arrefeceu o ânimo do Novo Hamburgo. Os donos da casa se lançaram ao ataque com um sortido repertório de jogadas - pelo alto, com infiltrações, em chutes de média distância, enfim, um bombardeio alemão.
Ciente da pressão, o Caxias parecia ter se conformado em apenas destruir e especular nos contragolpes. Novamente, precisou da intervenção quase divina de Paulo Sérgio. Mesmo com desvio traiçoeiro, o goleiro conseguiu espalmar o chute de Marlon, aos nove minutos.
Enfaixado, Mendes faz justiça
O merecido empate saiu aos 14 minutos. Como numa resposta à presença ilustre do caxiense Washington, entusiasta do oportunismo de Vanderlei, o centroavante Mendes se enfiou em meio aos zagueiros e cabeceou para as redes. Gol de empate, e num misto de técnica e raça, já que Mendes não se furtou de encarar a bola pesada pela chuva, mesmo com uma extenso curativo a lhe cobrir os cabelos.
E se Mendes sustenta um corte na cabeça, Vanderlei teve a camisa completamente rasgada aos 30 minutos, após disputa de bola. Por falar em ataque, Itamar Schulle mandou a campo Paulinho Macaíba, deixando o Noia com três homens na frente. Aos poucos, no entanto, o Caxias abandonou o seu casulo defensivo e aventurou-se na área de Eduardo Martini. Mas não havia mais tempo, e os pênaltis se tornaram o caminho inevitável para definir o campeão.
Diante da marca de cal, Paulo Sérgio reprisou os momentos de destaque diante do Grêmio. Nem precisou fazer o seu gol, bastou defender uma das cobranças, a de Clayton. Paulinho Macaíba e o candidato a herói Mendes isolaram as finalizações. Do lado do Caxias, apenas Mateus errou. Paraná, Umberto e Michel marcaram e deram início à transformação. Sob chuva, a cidade de Novo Hamburgo deixou para trás, pelo menos por uma noite, a cor azul para adotar a vencedora tonalidade grená.

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