Com
uma campanha sem reparos, Verdão garantiu uma vaga na Série A
Diário
Catarinense
Em
2009, quando a Chapecoense foi jogar contra o Macaé, no Maracanã, pela
semifinal da Série D, numa preliminar do Fla-Flu, os cariocas perguntaram para
o advogado chapecoense Marcelo Zolet: "Quem são esses verdes?".
Afinal, ninguém conhecia a Chape. Até então, o time tinha disputado os
Brasileiros de 1978 e 1979, mas não passou da primeira fase mesmo com 60 a 70
times no torneio. Em 2008, foi até à segunda fase da Copa do Brasil. Em 2010,
quando estive de férias em Goiás, falei que era de Chapecó e um paulistano
respondeu:
— Tem um time lá, não?
Agora, no Maracanã, em São Paulo, em Goiás, ou em qualquer outro rincão desse
país, aqueles que acompanharem futebol saberão quem é a Chapecoense. E não é O
Chapecoense. É A Chapecoense, com a letra A, maiúscula.
Trata-se do time que mais cresce no Brasil, que há alguns anos brigava para não
cair para a Segundona no Catarinense. É a instituição que saiu da beira da
falência para ser exemplo de de gestão e planejamento para o futebol
brasileiro.
Em 2009, quando ainda nem série tinha, o técnico Mauro Ovelha falava que a
Chapecoense precisava se classificar para a recém-criada Série D para garantir
um calendário. Sem jogos durante o ano inteiro, o time fechava no segundo
semestre e os torcedores do Verdão migravam para outros times no Brasileiro,
predominantemente para Inter e Grêmio.
O Brasil agora conhece a Chape
Naquele ano, a Chapecoense foi vice-campeã estadual e garantiu a vaga na Série
D. O atual gerente de futebol, Cadu Gaúcho, era um dos heróis que chegaram a
viajar 26 horas para enfrentar o Araguaia. No duelo de volta, deu até granizo.
Mesmo com a derrota por 1 a 0, a Chape subiu por ter vencido a ida por 2 a 1.
Em 2010, o acesso para a Série B não veio porque faltou um gol contra o
Ituiutaba (atual Boa Esporte). Em 2011, faltou vencer uma do Ipatinga. Em 2012,
não faltou nada.
Um gringo nascido em Quilombo, mas que morava na Serra Gaúcha, chegou durante a
Série C de 2012. À época, Gilmar Dal Pozzo era mais conhecido como o goleiro
que pegou o pênalti de Ronaldinho e ajudou o Caxias a vencer o Gauchão de 2000,
contra o próprio Tricolor.
Para a Série B, Dal Pozzo, o preparador físico Anderson Paixão e um uma
diretoria, capitaneada por Sandro Pallaoro, montaram "um time de verdes,
às vezes brancos" que surpreendeu o Brasil. Um time que já largou
aplicando 4 a 1 no Boa, em Minas Gerais. Um time que amassou o Oeste no jogo de
Erechim, mas não saiu do zero a zero. Um time que levava gol aos 44 minutos,
como no jogo contra o Paysandu, mas que aos 47 desempatava com Bruno Rangel. O
artilheiro da Série B, aliás, fez gol de tudo que é jeito. Até parado, como
quando Nenén chutou uma bola na trave e ela bateu na cabeça de Rangel e foi
para o gol.
A primeira derrota da Chape foi só na décima primeira rodada, contra o Ceará.
Quando deu a parada da Copa das Confederações, o objetivo já não era mais
permanecer na Série B. O torcedor passou a ficar exigente e mesmo com o time na
vice-liderança, vaiou uma série de seis empates seguidos. Na igualdade contra o
Bragantino, no sábado, a equipe garantiu matematicamente o acesso e o
vice-campeonato da competição. E a festa tomou conta da cidade.
As festas em Chapecó estão cada vez mais comuns. O Brasil agora sabe quem é a
Chapecoense.
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