Fora as cinco finais
ganhas em Copas do Mundo, poucas vitórias foram tão especiais para o Brasil
como a conquistada neste domingo, contra a Espanha, no renovado Maracanã, pela
decisão da Copa das Confederações.
O 3 a 0 contra os atuais
campeões mundiais, bicampeões europeus e líderes do ranking mundial lavaram a
alma de um time que parecia ter perdido o costume de ser grande.
E que foi gigante no
Maracanã com mais de 70 mil pessoas, e não só pelo placar. Os espanhóis estavam
invictos havia 29 partidas em confrontos oficiais, e, pelo que aconteceu ao
menos neste domingo, passaram de favoritos à segunda força no Mundial do ano que
vem, quando terão que voltar ao Brasil.
O time de Felipão mandou
no jogo, transformou o estilo de muitos toques do rival em algo inútil e ainda
consagrou Fred, o artilheiro do torneio, e Neymar, o craque.
Foi o quarto título do
Brasil na Copa das Confederações, o terceiro seguido. O país é o maior vencedor
do torneio. Foi também o segundo título de Felipão com a seleção. O primeiro,
conquistado também num 30 de junho, foi o Mundial de 2002.
Antes da bola rolar, os
espanhóis eram vaiados quando apareciam nos telões. Apupos que ganharam força
durante o aquecimento. Mas, na execução do hino dos europeus, respeito.
E o Maracanã lotado mais
uma vez cantou o hino nacional à capela. Era a melhor oportunidade para testar
o efeito positivo que isso causa para a seleção. E como funcionou.
Atônitos, os espanhóis
levaram o primeiro gol em um jogo eliminatório em quase quatro anos logo aos
2min, quando Hulk cruzou pela direita, Fred disputou a bola com a defesa, foi
ao chão e mesmo caído chutou para abrir o placar.
A Espanha tentava, mas
não conseguia impor seu toque de bola. Aos 8min, em chute rasteiro, Oscar quase
marca o segundo. Segundos depois, o primeiro empurra-empurra entre os jogadores
depois de falta de Torres em Marcelo.
Os comandados de Vicente
del Bosque não mostravam o mesmo controle emocional de outros jogos. Arbeloa
fez falta dura em Neymar e levou o amarelo. E seus colegas de time batiam boca
com os brasileiros. Aos 28min, foi a vez de Sérgio Ramos derrubar Oscar e levar
o amarelo (os brasileiros pediam o vermelho com o argumento que o camisa 11
caminhava livre em direção ao gol).
Era um massacre
brasileiro. Aos 32min, Neymar lançou Fred, que ficou livre diante de Casillas
para marcar o segundo, mas chutou em cima do goleiro do Real Madrid.
Numa das raras falhas de
marcação, o Brasil ainda viu David Luiz se esticar todo para salvar um gol que
parecia certo do espanhol Pedro.
Mas ainda deu tempo para
o Brasil marcar o segundo e ir para o intervalo com larga folga. Aos 44min,
Neymar tabelou com Oscar e chutou no ângulo de Casillas. O Maracanã ficou em
êxtase.
As estatísticas do
primeiro tempo comprovaram o domínio brasileiro. Foram, segundo a Fifa, oito
finalizações do time Scolari e só seis dos europeus.
Acostumados a ficar até
80% do tempo com a bola, os espanhóis dessa vez ficaram com ela
"modestos" 59%. E o segundo tempo começou com os visitantes passando
vergonha.
Logo aos 2min, Hulk
lançou Fred que chutou de primeira para fazer o seu quinto gol na Copa das
Confederações. Foi a senha para o Maracanã gritar: "Quer jogar? O Brasil
vai te ensinar".
Até quando teve chance
clara de marcar os espanhóis voltaram aos tempos em que tinham fama de
amarelar. Aos 9min, Navas foi derrubado por Marcelo na área. Pênalti que Sérgio
Ramos chutou para fora.
Logo começaram os gritos
de "olé", e Casillas tinha que atuar com frequência como zagueiro
para tentar acertar a desmantelada defesa espanhola. E ele não teve como salvar
Piqué, que fez falta em Neymar, seu novo companheiro de clube, e foi expulso,
deixando o campo ouvindo a torcida gritar o nome da sua namorada, a cantora
Shakira.
Primeiro jogador a ser
substituído, deu lugar a Jadson, Hulk foi ovacionado, assim como Fred e
Paulinho, que saíram depois. E a festa continuou até o apito final.
O jogo no Maracanã foi o
último de caráter oficial do Brasil antes da Copa do Mundo. O time agora só
volta a campo em agosto, num amistoso contra a Suíça no país europeu. Já a
Espanha retoma a disputa das eliminatórias para o Mundial, em que lidera seu
grupo, em setembro, contra a Finlândia, como visitante.
FICHA TÉCNICA:
BRASIL 3 X 0 ESPANHA
Brasil: Júlio César; Daniel
Alves, Thiago SIlva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho (Hernanes) e
Oscar; Neymar, Fred (Jô) e Hulk (Jadson). Técnico: Luiz Felipe Scolari
Espanha: Casillas; Arbeloa
(Azpilicueta), Sérgio Ramos, Pique e Alba; Busquets, Xavi e Iniesta; Pedro,
Mata (Navas) e Fernando Torres (David Villa). Técnico: Vicente del
Bosque
Por Paulo Cobos, Pedro Henrique Torre e Tiago Leme,
do Rio para o ESPN.com.br
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