Time precisa vencer o Tigre no
Morumbi para conquistar a Sul-Americana e, por razões diferentes, marcar a
carreira de dois ídolos do clube
São 19
anos, 16 centímetros e 15 medalhas de diferença. Rogério Ceni é mais velho,
mais alto e mais vencedor do que Lucas. Detalhes que não apagam o sentimento
comum de ambos, o desejo gigantesco de conquistar o título da Copa
Sul-Americana. Para o goleiro, seria mais um, porém muito especial, fechando um
ano que começou com grave lesão no ombro direito, e o fez conviver de perto com
a possibilidade da aposentadoria. Para o atacante, seria o primeiro, justamente
em seu jogo de despedida, já que em janeiro vai defender o PSG.
Duas
gerações de atletas que talvez nem fossem são-paulinos na infância, mas
aprenderam a amar o clube a ponto de ninguém duvidar de suas declarações.
Poderiam ser três gerações em campo se Luis Fabiano não tivesse sido expulso no
primeiro jogo. Sem ele, Ceni e Lucas vão centralizar a idolatria dos mais de 60
mil torcedores presentes no Morumbi esta noite, contra o Tigre.
Quando
Rogério chegou ao São Paulo, em 1990, vindo do pequeno Sinop, clube da cidade
mato-grossense onde sua família se estabeleceu, Lucas nem sequer existia. O
garoto nasceu em 1992, ano do primeiro título mundial do clube. Ceni já era
campeão, ao passo que o futuro companheiro de equipe dava seus primeiros
passos. Ambos conquistaram a Taça São Paulo de Juniores. Um em 1993, o outro em
2010. E agora, juntos, criaram uma relação de admiração mútua.
- O
Lucas é um dos jogadores mais profissionais com quem já trabalhei em todo esse
tempo, um exemplo. Tenho medo do que vai ser do São Paulo sem ele - afirmou o
capitão, que teve retribuição.
- O
Rogério é um mito, meu ídolo, um espelho para todos dentro e fora de campo.
Os dois
serão essenciais para o clube romper um jejum de quatro anos sem títulos, desde
o Campeonato Brasileiro de 2008. Para isso, o São Paulo precisa vencer o Tigre,
já que a partida da Bombonera terminou 0 a 0. Novo empate, por qualquer placar,
leva a decisão à prorrogação e, se for preciso, às cobranças de pênaltis.
Ceni
disputou os nove jogos da equipe na competição. Foi ele, inclusive, quem marcou
o primeiro gol tricolor na Sul-Americana, de falta, contra o Bahia. Ele lidera
a defesa menos vazada, com dois gols, e sabe que não ser superado na quarta
representará um grande passo para a conquista.
Lucas
também fez apenas um gol, na goleada por 5 a 0 sobre a Universidad, no
Pacaembu. Mas as principais jogadas de ataque acabam surgindo de seus pés,
principalmente com a ausência de Luis Fabiano. Ele sabe que será caçado mais
uma vez, a exemplo do que ocorreu na Argentina, mas não teme os adversários. O
árbitro da decisão será o chileno Enrique Osses.
- A
gente sabe que a arbitragem sul-americana deixa correr, mas vou dar minha vida,
meu sangue. Se precisar me quebrar todo, vou me quebrar. Quero muito esse
título para retribuir o carinho de todos.
O Tigre
não deverá mudar sua estratégia da Bombonera, quando atuou recuado. Pelo
contrário. Será um time ainda mais fechado diante da torcida são-paulina, à
espera de um contra-ataque ou uma bola levantada na área. Foi exatamente assim
que a equipe argentina superou o Millonarios, ao empatar por 1 a 1 na Colômbia.
Ney Franco confia no desempenho de sua defesa, que ainda não sofreu gols no
Morumbi na Sul-Americana.
Por Alexandre Lozetti e Marcelo
Prado
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