sexta-feira, 31 de agosto de 2012

São Paulo ignora aliciamento e suspeita de "jogo" em caso Ganso


O São Paulo não teme uma possível denúncia do Santos à Fifa devido a suposto aliciamento a Paulo Henrique Ganso. O clube da capital garante ter "farto material" provando que o rival admitiu a possibilidade de vender o jogador e vê a posição santista como uma espécie de "jogo", reflexo de pressão na condução do caso.
"Tudo até aqui tratado ocorreu de forma totalmente aberta, lisa e sem nenhuma irregularidade ou comportamento escuso. Temos um farto material mostrando que o próprio Santos admitiu vender o jogador", afirmou Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, vice-presidente do São Paulo.
"Eles provavelmente foram pressionados por algumas reações, alguns comportamentos ou por uma revisão, mas a conversa inicialmente, isso todos sabem, foi largamente divulgada e não no sentido de ofendê-los por nova oferta. O São Paulo adotou um procedimento legítimo", completou Leco.
O Santos rejeitou de imediato a segunda investida do rival por seu camisa 10, desta vez no valor de R$ 28 milhões por 100% de seus direitos econômicos. A irritação do clube foi alimentada pelo fato de que o São Paulo já teria desistido de formalizar nova proposta após conversa telefônica um dia antes, relatada em nota oficial. O clube tricolor rebateu e negou a desistência. A ideia agora é encaminhar o protesto para a entidade internacional e ao presidente são-paulino Juvenal Juvêncio.
Ganso viveu um calvário e mandou recados à diretoria após a derrota por 3 a 1 para o Bahia, na última quarta-feira. O meia foi alvo de protestos direcionados e deixou a Vila sob chuva de moedas e gritos de mercenário. Na saída do CT Rei Pelé, acompanhou o protesto se estender com pichações e se queixou com pessoas próximas que se sentia desprotegido pela diretoria, a quem julga querer jogá-lo contra a torcida.
A diretoria, por sua vez, tenta agradar a conselheiros e torcedores insistindo na liberação do jogador somente mediante ao pagamento da multa e reiterando apoio ao camisa 10 por meio de sua nota oficial. A reação contra o rival seria uma forma de ganhar mais aceitação na condução do caso.
Essa é a segunda investida do São Paulo rejeitada. A primeira, de cerca de R$ 11 milhões pelos 45% dos direitos econômicos que possui sobre o meia, também foi rapidamente descartada e citada como "longe de atender os interesses do Santos".
De camisa 10 ideal a meia contestado
Ganso, revelado nas categorias de base do Santos, começou no clube em 2008, junto a Neymar, a maior estrela do time na atualidade. Desde que chegou ao time profissional, a carreira de Ganso se revezou em sobes e desces. Nos primeiros anos, o jogador conquistou críticos e torcedores não apenas por ser uma das maiores promessas do futebol do Brasil, mas por ter surgido como protótipo do camisa 10 criativo e pensador, em falta nos últimos anos.
A trajetória de Ganso - que parecia traçar uma ascensão meteórica rumo ao estrelato nos principais gramados do mundo - teve, porém, um baque grande em 2010. No meio daquela temporada, o jogador sofreu grave lesão no ligamento cruzado de seu joelho.
A lesão deixou Ganso fora dos gramados por seis meses e comprometeu a sequência da carreira no Santos do jogador, que não conseguiu manter o nível de seu futebol e perdeu prestígio com a torcida.
A volta ao clube veio durante a Copa Libertadores de 2011, mas nem a conquista do título continental fez com que o meia retornasse a seus melhores dias no Santos. À sombra de Neymar, que se consolidava como grande ídolo e craque do Brasil, Ganso perdeu espaço na mídia e também na Seleção Brasileira. De camisa 10 incontestável, o jogador passou a opção para o meio-campo.
No time olímpico de Mano Menezes, que ficou com a prata na Olimpíada de Londres, o meia Oscar, do Internacional, vestiu a camisa 10 da equipe, a qual, há poucos anos, era reservada para o jogador santista.
Logo após a Olimpíada, intensificaram-se os boatos sobre uma possível saída do Santos. E o destino mais provável para Ganso se tornou o São Paulo, que estaria disposto em buscar na Vila Belmiro um substituto à altura para Lucas, negociado com o Paris Saint-Germain, e teria até feito uma proposta por parte dos direitos de Paulo Henrique. O meia tem contrato com a equipe praiana até fevereiro de 2015.
Klaus Richmond – Terra Esportes

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