O São Paulo não teme uma possível denúncia do Santos à
Fifa devido a suposto aliciamento a Paulo Henrique Ganso. O clube da capital
garante ter "farto material" provando que o rival admitiu a
possibilidade de vender o jogador e vê a posição santista como uma espécie de
"jogo", reflexo de pressão na condução do caso.
"Tudo até aqui tratado ocorreu de forma totalmente
aberta, lisa e sem nenhuma irregularidade ou comportamento escuso. Temos um
farto material mostrando que o próprio Santos admitiu vender o jogador",
afirmou Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, vice-presidente do São Paulo.
"Eles provavelmente foram pressionados por algumas
reações, alguns comportamentos ou por uma revisão, mas a conversa inicialmente,
isso todos sabem, foi largamente divulgada e não no sentido de ofendê-los por
nova oferta. O São Paulo adotou um procedimento legítimo", completou Leco.
O Santos rejeitou de imediato a segunda investida do rival
por seu camisa 10, desta vez no valor de R$ 28 milhões por 100% de seus
direitos econômicos. A irritação do clube foi alimentada pelo fato de que o São
Paulo já teria desistido de formalizar nova proposta após conversa telefônica
um dia antes, relatada em nota oficial. O clube tricolor rebateu e negou a
desistência. A ideia agora é encaminhar o protesto para a entidade
internacional e ao presidente são-paulino Juvenal Juvêncio.
Ganso viveu um calvário e mandou recados à diretoria após
a derrota por 3 a 1 para o Bahia, na última quarta-feira. O meia foi alvo de
protestos direcionados e deixou a Vila sob chuva de moedas e gritos de
mercenário. Na saída do CT Rei Pelé, acompanhou o protesto se estender com
pichações e se queixou com pessoas próximas que se sentia desprotegido pela
diretoria, a quem julga querer jogá-lo contra a torcida.
A diretoria, por sua vez, tenta agradar a conselheiros e
torcedores insistindo na liberação do jogador somente mediante ao pagamento da
multa e reiterando apoio ao camisa 10 por meio de sua nota oficial. A reação
contra o rival seria uma forma de ganhar mais aceitação na condução do caso.
Essa é a segunda investida do São Paulo rejeitada. A
primeira, de cerca de R$ 11 milhões pelos 45% dos direitos econômicos que possui
sobre o meia, também foi rapidamente descartada e citada como "longe de
atender os interesses do Santos".
De camisa 10 ideal a meia contestado
Ganso, revelado nas categorias de base do Santos, começou
no clube em 2008, junto a Neymar, a maior estrela do time na atualidade. Desde
que chegou ao time profissional, a carreira de Ganso se revezou em sobes e
desces. Nos primeiros anos, o jogador conquistou críticos e torcedores não
apenas por ser uma das maiores promessas do futebol do Brasil, mas por ter surgido
como protótipo do camisa 10 criativo e pensador, em falta nos últimos anos.
A trajetória de Ganso - que parecia traçar uma ascensão
meteórica rumo ao estrelato nos principais gramados do mundo - teve, porém, um
baque grande em 2010. No meio daquela temporada, o jogador sofreu grave lesão
no ligamento cruzado de seu joelho.
A lesão deixou Ganso fora dos gramados por seis meses e
comprometeu a sequência da carreira no Santos do jogador, que não conseguiu
manter o nível de seu futebol e perdeu prestígio com a torcida.
A volta ao clube veio durante a Copa Libertadores de 2011,
mas nem a conquista do título continental fez com que o meia retornasse a seus
melhores dias no Santos. À sombra de Neymar, que se consolidava como grande
ídolo e craque do Brasil, Ganso perdeu espaço na mídia e também na Seleção
Brasileira. De camisa 10 incontestável, o jogador passou a opção para o
meio-campo.
No time olímpico de Mano Menezes, que ficou com a prata na
Olimpíada de Londres, o meia Oscar, do Internacional, vestiu a camisa 10 da
equipe, a qual, há poucos anos, era reservada para o jogador santista.
Logo após a Olimpíada, intensificaram-se os boatos sobre
uma possível saída do Santos. E o destino mais provável para Ganso se tornou o
São Paulo, que estaria disposto em buscar na Vila Belmiro um substituto à
altura para Lucas, negociado com o Paris Saint-Germain, e teria até feito uma
proposta por parte dos direitos de Paulo Henrique. O meia tem contrato com a
equipe praiana até fevereiro de 2015.
Klaus Richmond –
Terra Esportes
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