Por Marcos Felipe, Rafael Maranhão e Victor CanedoDireto
de Kiev, Ucrânia
Imagine você fazer parte de uma geração que vivenciou
três dos mais importantes títulos em um intervalo de apenas quatro anos. Ou
então imagine você ver a sua seleção responder com o troféu cada um de seus
maiores escândalos dentro do futebol. É o que vale a decisão da Eurocopa
2012 para Espanha e Itália, que entram em campo pela última vez na competição
neste domingo, a partir das 15h45m (de Brasília), no Estádio Olímpico de Kiev.
Os espanhóis buscam o que consideram como “tríplice
coroa”, a consagração máxima no campo. Ganhar duas Euros com um Mundial no
meio, como aconteceu desde 2008, seria um feito inédito. A Alemanha, campeã em
1972 e 1974, esteve muito próxima de atingir tal marca em 1976, mas esbarrou na
cavadinha de Panenka em final contra a Tchecoslováquia, nos pênaltis, por 5 a
3.
Passado de polêmicas e glórias
Os italianos, ainda que ironicamente, também têm uma
“tríplice coroa” como meta. Em 1982, quando surpreendeu o Brasil no que seria a
“Tragédia do Sarriá”, a seleção faturou a Copa da Espanha dois anos após o
escândalo de manipulação de resultados chamado Totonero, que puniu um quarto
dos times da Série A, inclusive o tradicional Milan, rebaixado. O herói e
carrasco Paolo Rossi chegou a cumprir longa suspensão pelo seu papel no caso,
mas teve a punição diminuída em um ano e acabou anistiado poucos meses antes do
embarque.
Em 2006, na conquista do tetracampeonato mundial, a
Azzurra chegou desacreditada pelo esquema de compra de árbitros na primeira
divisão, o Calciopoli. O Juventus, então campeão, foi rebaixado e teve dois
títulos retirados. O grupo se uniu diante das incertezas e superou a França na
finalíssima.
– As emoções são similares e estamos com a mesma
confiança. Mas temos que ter paciência, como tivemos em 2006, para ver o que
acontece em campo. Mas é, sim, possível fazer analogia entre os dois torneios –
disse o goleiro e capitão Gianluigi Buffon.
A chance de se igualar em 2012 vem após a crise
envolvendo a manipulação de resultados. Investigações antes do início da Euro
foram suficientes para afastar o lateral Domenico Criscito do time e colocar
suspeitas até sobre possível participação de Buffon em apostas ilegais.
No campo, o grande favoritismo atribuído à Fúria antes
do confronto de estreia entre ambos, por exemplo, já não existe mais. O time de
Vicente del Bosque conviveu com críticas durante a maior competição do
continente quando, de fato, não apresentou um futebol encantador como se
esperava. Enquanto isso, após o empate por 1 a 1 na abertura, a equipe de
Cesare Prandelli ganhou corpo e chegou ao seu auge com a vitória por 2 a 0
sobre a Alemanha, na semifinal - a Espanha passou diante de Portugal somente
nos pênaltis.
– A Espanha não é chata. É o mesmo time que vem
ganhando tudo e que está no topo há muito tempo. É o time que concedeu menos
gols. Isso é futebol moderno e eu gosto muito de vê-los jogar – argumentou
Prandelli.
O 2 a 2 que não veio
Um fato curioso, no entanto, foi a possibilidade de a
Fúria ter jogado para eliminar a Azzurra ainda no Grupo C. Na última rodada, um
empate por 2 a 2 com a Croácia tiraria os italianos de forma precoce
independente do resultado contra a Irlanda. Os espanhóis venceram por 1 a 0.
– Acho que nós fizemos o nosso trabalho. Falou muito
sobre especular o empate por 2 a 2 com a Croácia para deixar a Itália fora, mas
como disse o treinador, em nenhum momento nos arrependemos de ir para vencer e
não pensaremos nunca o contrário, aconteça o que acontecer na final – afirmou o
meio-campista Xavi. Raciocínio semelhante teve Buffon.
– Eu sabia que eles iriam se dedicar. É uma excelente equipe
e honrada. Só tenho a dizer que eles têm todo o meu reconhecimento, assim como
a Holanda teve em 2008 – contou o goleiro, referindo-se ao fato de a Laranja
ter entrado com o time titular contra a Romênia, mesmo já classificada, na
última rodada da fase de grupos da Euro 2008. O time venceu por 2 a 0 e ajudou
a Azzurra a passar de fase.
Ao menos até segunda ordem, as escalações não deverão
surpreender. A Itália irá com uma linha de quatro na defesa, com Chiellini na
lateral esquerda e Balzaretti na direita. Destaques como Pirlo, Cassano e
Balotelli estão confirmados. A Espanha, por sua vez, ainda vive a interrogação
sobre a presença de um centroavante. A expectativa é que Negredo, que não teve
boa atuação na semifinal, dê dar lugar a Cesc Fàbregas, com Torres novamente no
banco.
– Vamos jogar com três atacantes, quase certo. Com três
homens avançados, com a obrigação de atacar mais que defender, ainda que todo o
time tenha as mesmas missões. Teremos pessoas com possibilidades de fazer gol –
assegurou Del Bosque.
ESPANHA X ITÁLIA
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Casillas, Arbeloa, Piqué, Sergio Ramos e Alba;
Busquets, Xabi Alonso e Xavi; David Silva, Fàbregas e Iniesta.
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Buffon, Balzaretti, Barzagli, Bonucci e Chiellini;
Pirlo, Marchisio, De Rossi e Montolivo; Cassano e Balotelli.
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Técnico: Vicente del Bosque.
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Técnico: Cesare Prandelli.
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Estádio: Olímpico de Kiev (Ucrânia). Data:
01/07/2012. Árbitro: Pedro Proença (Portugal).
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