domingo, 1 de julho de 2012

Em busca de ‘tríplice coroa’, Espanha e Itália fazem a final da Euro em Kiev

Campeã em 2008 e 2010, Fúria está perto de atingir recorde inédito. Azzurra pode repetir história e levantar troféu após caso de escândalo no futebol




Por Marcos Felipe, Rafael Maranhão e Victor CanedoDireto de Kiev, Ucrânia
Imagine você fazer parte de uma geração que vivenciou três dos mais importantes títulos em um intervalo de apenas quatro anos. Ou então imagine você ver a sua seleção responder com o troféu cada um de seus maiores escândalos dentro do futebol. É o que vale a decisão da Eurocopa 2012 para Espanha e Itália, que entram em campo pela última vez na competição neste domingo, a partir das 15h45m (de Brasília), no Estádio Olímpico de Kiev.
Os espanhóis buscam o que consideram como “tríplice coroa”, a consagração máxima no campo. Ganhar duas Euros com um Mundial no meio, como aconteceu desde 2008, seria um feito inédito. A Alemanha, campeã em 1972 e 1974, esteve muito próxima de atingir tal marca em 1976, mas esbarrou na cavadinha de Panenka em final contra a Tchecoslováquia, nos pênaltis, por 5 a 3.
Passado de polêmicas e glórias
Os italianos, ainda que ironicamente, também têm uma “tríplice coroa” como meta. Em 1982, quando surpreendeu o Brasil no que seria a “Tragédia do Sarriá”, a seleção faturou a Copa da Espanha dois anos após o escândalo de manipulação de resultados chamado Totonero, que puniu um quarto dos times da Série A, inclusive o tradicional Milan, rebaixado. O herói e carrasco Paolo Rossi chegou a cumprir longa suspensão pelo seu papel no caso, mas teve a punição diminuída em um ano e acabou anistiado poucos meses antes do embarque.
Em 2006, na conquista do tetracampeonato mundial, a Azzurra chegou desacreditada pelo esquema de compra de árbitros na primeira divisão, o Calciopoli. O Juventus, então campeão, foi rebaixado e teve dois títulos retirados. O grupo se uniu diante das incertezas e superou a França na finalíssima.
– As emoções são similares e estamos com a mesma confiança. Mas temos que ter paciência, como tivemos em 2006, para ver o que acontece em campo. Mas é, sim, possível fazer analogia entre os dois torneios – disse o goleiro e capitão Gianluigi Buffon.
A chance de se igualar em 2012 vem após a crise envolvendo a manipulação de resultados. Investigações antes do início da Euro foram suficientes para afastar o lateral Domenico Criscito do time e colocar suspeitas até sobre possível participação de Buffon em apostas ilegais.
No campo, o grande favoritismo atribuído à Fúria antes do confronto de estreia entre ambos, por exemplo, já não existe mais. O time de Vicente del Bosque conviveu com críticas durante a maior competição do continente quando, de fato, não apresentou um futebol encantador como se esperava. Enquanto isso, após o empate por 1 a 1 na abertura, a equipe de Cesare Prandelli ganhou corpo e chegou ao seu auge com a vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha, na semifinal - a Espanha passou diante de Portugal somente nos pênaltis.
– A Espanha não é chata. É o mesmo time que vem ganhando tudo e que está no topo há muito tempo. É o time que concedeu menos gols. Isso é futebol moderno e eu gosto muito de vê-los jogar – argumentou Prandelli.





O 2 a 2 que não veio
Um fato curioso, no entanto, foi a possibilidade de a Fúria ter jogado para eliminar a Azzurra ainda no Grupo C. Na última rodada, um empate por 2 a 2 com a Croácia tiraria os italianos de forma precoce independente do resultado contra a Irlanda. Os espanhóis venceram por 1 a 0.
– Acho que nós fizemos o nosso trabalho. Falou muito sobre especular o empate por 2 a 2 com a Croácia para deixar a Itália fora, mas como disse o treinador, em nenhum momento nos arrependemos de ir para vencer e não pensaremos nunca o contrário, aconteça o que acontecer na final – afirmou o meio-campista Xavi. Raciocínio semelhante teve Buffon.
– Eu sabia que eles iriam se dedicar. É uma excelente equipe e honrada. Só tenho a dizer que eles têm todo o meu reconhecimento, assim como a Holanda teve em 2008 – contou o goleiro, referindo-se ao fato de a Laranja ter entrado com o time titular contra a Romênia, mesmo já classificada, na última rodada da fase de grupos da Euro 2008. O time venceu por 2 a 0 e ajudou a Azzurra a passar de fase.
Ao menos até segunda ordem, as escalações não deverão surpreender. A Itália irá com uma linha de quatro na defesa, com Chiellini na lateral esquerda e Balzaretti na direita. Destaques como Pirlo, Cassano e Balotelli estão confirmados. A Espanha, por sua vez, ainda vive a interrogação sobre a presença de um centroavante. A expectativa é que Negredo, que não teve boa atuação na semifinal, dê dar lugar a Cesc Fàbregas, com Torres novamente no banco.
– Vamos jogar com três atacantes, quase certo. Com três homens avançados, com a obrigação de atacar mais que defender, ainda que todo o time tenha as mesmas missões. Teremos pessoas com possibilidades de fazer gol – assegurou Del Bosque.

ESPANHA X ITÁLIA
Casillas, Arbeloa, Piqué, Sergio Ramos e Alba; Busquets, Xabi Alonso e Xavi; David Silva, Fàbregas e Iniesta.
Buffon, Balzaretti, Barzagli, Bonucci e Chiellini; Pirlo, Marchisio, De Rossi e Montolivo; Cassano e Balotelli.
Técnico: Vicente del Bosque.
Técnico: Cesare Prandelli.
Estádio: Olímpico de Kiev (Ucrânia). Data: 01/07/2012. Árbitro: Pedro Proença (Portugal).
Por globoesporte.globo.com

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