Empate
por 2 a 2,
com direito a gol de Fernando Torres no fim, cala o Camp Nou e tira os catalães
da briga pelo título da Champions
Por Cahê
MotaDireto de Barcelona, Espanha
Acostumado
a sempre decidir a favor do Barcelona, Lionel Messi experimentou um sentimento
distinto nesta terça-feira. Com atuação abaixo da média e, principalmente, um
pênalti perdido, o argentino parou na trave e viu os catalães serem eliminados
pelo Chelsea na fase semifinal da Liga dos Campeões, no Camp Nou, com o empate
por 2 a 2.
O herói, desta vez, foi o brasileiro Ramires, que marcou um golaço no fim do
primeiro tempo e ajudou a garantir os ingleses na grande decisão do dia 19.
Busquets e Iniesta anotaram para o Barça, enquanto Fernando Torres fechou o
caixão culé nos acréscimos.
O
resultado desta terça praticamente coloca a palavra fracasso como a melhor para
definir a temporada, quarta de Guardiola no comando do clube, uma vez que o
título espanhol é quase impossível (o Real está sete pontos na frente restando
quatro rodadas). Para evitar uma tragédia ainda maior, o Barça pega o Athletic
Bilbao no dia 25 de maio, no Vicente Calderón, em Madri, na final da Copa do
Rei.
Já o
Chelsea agora fica ligado na televisão e espera nesta quarta o adversário da
decisão: Real Madrid e Bayern de Munique se enfrentam no Santiago Bernabéu. Na
partida de ida, os alemães largaram na frente: 2 a 1, e jogam pelo empate.
A partida
em muito lembrou a última eliminação do Barça na Champions, há quase exatos
três anos, quando venceu o Inter de Mourinho por 1 a 0, gol de Piqué, e em
resultado que não foi suficiente para garantir a vaga. Na ocasião, também com
um a mais na maior parte do tempo: Thiago Motta foi expulso aos 28 da etapa
inicial.
45 em 15
O
primeiro tempo, obviamente, teve 45 minutos, mas seria mais fácil contar a
partir dos 15 minutos finais. Afinal, tirando as lesões de Cahill, muscular, e
Piqué, pancada na cabeça, que os fizeram ser substituídos, o que se viu foi o
de sempre: massacre do Barcelona com amplo domínio territorial e de posse de
bola diante de um Chelsea que se defendia de todas as maneiras.
De
diferente da partida do Stamford Bridge, apenas a postura dos ingleses, que
tentavam avançar a marcação sempre que podiam e dificultavam as ações dos
culés, muito reféns das triangulações e tabelinhas do trio Messi, Fàbregas
e Sanchéz. A partir dos 30, sim, o jogo pegou fogo.
Surpreendentemente
ansioso e apelando para chuveirinhos e chutes sem direção de fora da área, o
Barcelona parecia nervoso diante da dificuldade de furar a retranca azul. Foi
quando abriu o placar com um gol, digamos, improvável, aos 34. Primeiro porque
Messi, Xavi, Fàbregas ou Iniesta não participaram da armação da jogada, segundo
pelo posicionamento dos protagonistas.
Após
cobrança de escanteio, a bola sobrou para Daniel Alves na entrada da área. Ao
melhor estilo Xavi, ele serviu Cuenca, escalado para jogar aberto pela direita,
livre no lado esquerdo. O jovem cruzou rasteiro e achou Busquets, como típico
centroavante, para escorar de canhota no segundo pau: 1 a 0, e o confronto estava
empatado.
Terry
vira vilão; Ramires, o herói
Dois
minutos depois, porém, John Terry aumentou sua lista de momentos polêmicos e
foi expulso. O zagueiro, que já foi acusado de racismo, teve relacionamento com
a mulher do companheiro de seleção Wayne Bridge, "agrediu" Puyol fora
do lance na partida de ida e escorregou no pênalti que daria o título da
Champions ao Chelsea em 2008, deu uma joelhada em Alexis Sanchéz sem
bola e recebeu o vermelho direto. Na sequência, fez apenas uma feição de
surpresa enquanto passava a faixa de capitão para Lampard. Quase não reclamou.
Com um a
menos, o Chelsea fez o que lhe restava: defender até onde fosse possível. E não
foi possível muito. Aos 43, em inacreditável contra-ataque oferecido por uma
equipe em desvantagem numérica, Alexis Sanchéz tocou para Messi, que serviu
Iniesta. O camisa 8 apenas definiu na saída de Cech.
O mundo
pensou: fatura liquidada. Menos Ramires. Suspenso de uma suposta final
após receber o terceiro amarelo, o brasileiro recebeu de Lampard, invadiu livre
a área e, com incrível frieza, tocou no cima de Valdés: golaço! E o brasileiro
dançou diante do silêncio de 95 mil culés no Camp Nou. O improvável Chelsea
terminava o terceiro dos quatro tempos do confronto classificado para final.
Messi
perde pênalti
O segundo
tempo começou a mil. Como uma avalanche, o Barcelona engolia o Chelsea e se
mandava para o ataque. E o gol parecia que não ia demorar para sair. Logo aos
dois minutos, Drogba tentou ajudar na defesa e derrubou Fàbregas dentro da
área. Pênalti que o árbitro turco Cunyet Çakir teve dúvidas, mas marcou com a
ajuda do auxiliar Tarik Ongum.
Na
cobrança, Messi, o melhor do mundo, o maior artilheiro de uma edição da
Champions, o craque do time. À frente dele, porém, estava Petr Cech, o goleiro
que havia enfrentado sete vezes sem sucesso. Parece que a figura do tcheco
pesou. O argentino caminhou lentamente e acertou o travessão. O mundo arregalou
os olhos: ele também falha!
E neste jogo em especial como falhou. Mesmo com
a assistência para o gol de Iniesta, Messi esteve irreconhecível: errou passes
bobos, se mostrou nervoso, fez faltas duras e até empurrou Lampard em confusão
com Fàbregas aos seis. Definitivamente, Barça x Chelsea não era um confronto
normal.
Sem ter
muito o que fazer, Roberto Di Matteo fechou o Chelsea de vez e trocou Mata por
Kalou. Seriam 30 minutos de pura pressão. Aos ingleses, por sua vez, pesava a
experiência, principalmente de Drogba e Cech. No ataque, o marfinense se virava
como podia, segurava a bola e até gol do meio-campo tentava. Lá atrás, o tcheco
era um monstro.
Como se
não bastasse parar chute de Cuenca na pequena área, amarrava o jogo e irritava
os rivais demorando para cobrar tiros de meta. Quando não foi feliz, contou com
a sorte e viu chute de Messi explodir em sua trave esquerda. Tudo dava certo
para o Chelsea, os deuses da bola pareciam estar de saco cheio da hegemonia do
Barça.
Antigo
carrasco decreta eliminação do Barcelona
Do lado
de fora, Guardiola tirava o casaco, mexia na gravata, gritava, gesticulava. O
Barça dominava, mas não criava. Pior que isso, via quase todas as jogadas
ofensivas morrerem nos pés de seu melhor jogador: Messi. O clima de tensão era
evidente. Incrédulos, os culés sequer conseguiam apoiar e reclamavam até dos
três minutos de acréscimos. É, também pode ser sofrido torcer para o Barça. E
dessa vez o sofrimento é por tempo indeterminado.
Em
contra-ataque mortal, Fernando Torres decretou o 2 a 2. Não é novidade para o Camp
Nou ver gols de “El Niño”, algoz desde os tempos de Atlético de Madrid - o
oitavo em 11 jogos. A festa é inglesa, e na quarta tudo pode ficar ainda pior,
com uma festa em
Madri. Ao Barça , restam as lágrimas de Xavi e Sanchéz ainda
em campo, um Messi em estado de choque e secar para que o principal rival não
lhe roube o posto de melhor do mundo. Sim, pode ainda ser pior.
Por Globoesporte.com
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