sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A CBF acertou nas mudanças da Copa do Brasil, mas participar da Sul-Americana vira prêmio por incompetência

A disputa da Copa do Brasil ao longo do ano, com a participação dos clubes que disputam a Libertadores, era uma medida necessária há tempos. Apesar do calendário apertado, era uma aberração excluir do torneio os times mais competentes da temporada anterior. Era impossível, por exemplo, a Copa do Brasil ter um bicampeão, já que o vencedor ficava impedido de defender o título.
A entrada dos clubes participantes de competições internacionais em fases mais avançadas da copa nacional é praxe em diversos países, e não há mal em adotar o formato por aqui. O grande defeito da mudança anunciada nesta quinta-feira pela CBF diz respeito à classificação para a Copa Sul-Americana. É ótimo que sejam apenas quatro vagas e não mais oito, o que proporcionava a enfadonha "fase nacional". No entanto, a participação na Sul-Americana passa a ser um prêmio pela incompetência.      
Em vez de mérito esportivo, as vagas no segundo torneio do continente serão por demérito: estarão nela quatro times eliminados nas oitavas-de-final da Copa do Brasil, com prioridade para os melhores colocados no Brasileiro anterior.   
Manter a classificação pelo Brasileiro seria o mais sensato, ainda mais com o número de vagas reduzido, aumentando a corrida por terminar na parte de cima da tabela. Com este novo formato, a Sul-Americana é tratada quase como uma "segunda divisão" da Copa do Brasil. E pior, o time eliminado nas oitavas na Copa do Brasil ainda tem outra chance de chegar à Libertadores, privilégio que não terá aquele que cair nas quartas.      
Ainda como ponto negativo, o formato de escolha do sexto time a entrar nas oitavas da Copa do Brasil, quando o país não tiver o atual campeão da Libertadores, e portanto cinco vagas. A CBF vai indicar pelo ranking nacional de clubes, quando o mais sensato seria usar a classificação do Brasileiro anterior: o melhor colocado não classificado para a Libertadores.     
O desprezo à Sul-Americana por parte da CBF é incompreensível, no momento em que a competição se fortalece. Este ano tivemos ótimas semifinais - LDU x Vélez e Universidad de Chile x Vasco -, com quatro dos melhores times do continente na atualidade. A CBF a trata como menos importante que a Copa do Brasil.      
O ideal, mesmo, seria Libertadores e Sul-Americana o ano inteiro, correndo paralelamente, sem coincidência de times. E que o calendário brasileiro permitisse aos times disputar pré-temporada, dar folga aos times nas datas Fifa... Claro que isso envolveria cortar datas dos estaduais e causar insatisfação nas federações que sustentam o poder na CBF. 
E quando se trata de CBF e Conmebol, você já sabe. Pode melhorar de um lado, mas com certeza piora do outro. Por Leonardo Bastos