por GLOBOESPORTE.COM
Foi uma
partida emocionante. Flamengo e Vasco testaram o coração dos torcedores com
problemas cardíacos, neste domingo, no Engenhão. E, principalmente pelo domínio
indiscutível no primeiro tempo, com um time mais bem armado taticamente,
mostrando superioridade individual e coletiva, o Vasco saiu vencedor. O triunfo
sobre o grande rival, o Flamengo, por 3 a 2, lhe deu a vaga para a final da Taça Rio,
segundo turno do Campeonato Carioca.
Com uma
atuação impecável de Felipe, autor de grandes jogadas, do gol da virada para 2 a 1 e do terceiro, de pênalti
- Eder Luis fez o primeiro, e Vagner Love e Kleberson marcaram os gols
rubro-negros -, o time chega à final contra o Botafogo, vitorioso no sábado no
confronto diante do Bangu. A decisão será no próximo domingo, e o campeão fará
a final do Carioca com o Fluminense, que conquistou a Taça Guanabara.
A derrota
encerra o primeiro semestre do Flamengo, que lutava pelo bicampeonato carioca.
Eliminado da Libertadores na primeira fase e sem chance de ganhar o
estadual, vai ficar 27 dias sem jogar - a estreia no Brasileiro contra o
Sport será dia 20 de maio. A torcida do Vasco não perdoou.
"Eliminado" e "Adeus, Mengo!" eram os gritos no fim da
partida, ironizando o rival. A lamentar, o razoável público de 15.911 pagantes
- foram 20.067 presentes, com renda de R$ 430.095. O jogo merecia casa cheia.
Gol
rubro-negro
Nos primeiros 20 minutos, houve um massacre do Vasco como há muito não se via
no confronto entre as equipes. Após a parada técnica, os rubro-negros até
conseguiram diminuir a pressão - antes dela, foram 13 finalizações contra duas;
o primeiro terminou em 16 a
9 para os cruz-maltinos.
No
começo, no entanto, o torcedor rubro-negro viveu uma ilusão. Mas as aparências
enganam, e muito. Aos gritos da torcida vascaína de "eliminado!', numa
provocação à saída prematura da Libertadores, o Flamengo iniciou sob a pressão
de ver o semestre acabar em
abril. Mas viu o mundo sorrir novamente no terceiro minuto de
jogo. Num contra-ataque iniciado por Ronaldinho, a bola resvalou em Renato Silva e sobrou
para Kleberson lançar pelo alto. Vagner Love, bem colocado, matou no peito e
bateu de canhota: 1 a
0, euforia da torcida rubro-negra.
Mas a
partir do gol rubro-negro, o primeiro ato da partida acabou. Teve início o
segundo, com um gigantesco predomínio vascaíno. Logo no minuto seguinte, o
Vasco deu o troco. Após ótimo passe de Diego Souza, Eder Luis invadiu a área e
tocou na saída do goleiro Felipe. Antes de a bola entrar, um milagre: Junior
Cesar conseguiu se antecipar e salvar, de perna direita, jogando para
escanteio, quase em cima da linha.
Massacre
do Vasco
O Vasco
se agigantou. No meio-campo, Romulo, Fellipe Bastos, Felipe e Diego Souza
pareciam leões em campo.
Com marcação forte, ganhavam todas as jogadas e iniciavam com
velocidade o ataque. O bombardeio era praticamente minuto a minuto: continuou
com falta cobrada por Fellipe Bastos para Rodolfo desperdiçar nova chance,
batendo para fora aos nove. Ainda na sequência, Fellipe Bastos mandou uma bomba
que o goleiro rubro-negro espalmou, e depois cobrou falta para Renato Silva
mandar de cabeça na trave, aos 10.
Se o
meio-campo do Vasco seguia compacto, com bom auxílio dos laterais,
principalmente Fágner - que desperdiçou nova oportunidade aos 12 -,
e a sintonia de Eder Luis e Alecsandro no ataque, o do Flamengo deixava a
marcação frouxa. Muralha, a surpresa de Joel Santana no início do jogo - o
treinador anunciara Rômulo mas mudou de ideia momentos antes da partida -,
fazia sua pior partida no Flamengo. Luiz Antônio parecia também sentir a
pressão de jogo decisivo. Kleberson tentava, sozinho, livrar o time do sufoco,
já que Ronaldinho nada acertava.
Do lado
vascaíno, as estrelas subiam de produção. E foi dos pés de Felipe que saiu o
gol de empate. Aos 13 minutos, o camisa 6 bateu de canhota, de fora da área. O
xará, Felipe, o goleiro, bateu roupa. Eder Luis chegou e tocou para as redes. O
gol fazia justiça. No minuto seguinte, por pouco o meia não repetiu a dose.
A nova
chance desperdiçada por Eder Luis aos 18 foi a última do Vasco antes da parada
técnica. O Flamengo até melhorou um pouco o posicionamento. Mas com Junior
Cesar e Léo Moura apáticos no apoio ao ataque e lentos na defesa, restava
ao time um Kleberson intenso e um Love sem ajuda de Deivid mas sempre perigoso
- ele já havia desperdiçado boa chance.
O time
rubro-negro melhorou pouca coisa. Luiz Antônio e Welinton assustaram Fernando
Prass. Em boa jogada iniciada por Kleberson, Ronaldinho, aos 39, quase marcou o
segundo. Mas ficou aí a tentativa de reação rubro-negra. Do outro lado, Felipe
estava inspirado. Tudo bem que contou com a colaboração de Junior Cesar. O
lateral afastou mal de cabeça uma bola, no pé do camisa 6, na entrada da área.
O craque bateu de canhota. A bola ainda tocou na trave esquerda antes de
entrar: era a virada vascaína, aos 40 minutos.
Mais
emoção
O
Flamengo até tentou uma reação. Kleberson, sempre ele, em passe de Vagner Love,
quase empatou aos 43 - a bola desviou em Renato Silva -, dando
uma esperança aos rubro-negros no segundo tempo. Mas, já com Bottinelli no
lugar de Muralha, o Flamengo levou um duro golpe no primeiro minuto da segunda
etapa. Num lance duvidoso, o árbitro Marcelo de Lima Henrique marcou pênalti do
goleiro Felipe em Alecsandro, depois da finalização para fora do atacante. O
arqueiro levou o cartão amarelo e depois viu o xará, destaque da partida, botar
a bola de um lado e ele do outro, aos 2, ampliando a vantagem para 3 a 1.
Apesar do
terceiro gol sofrido, o Flamengo não se abateu. Àquela altura, o meio-campo já
equilibrava a partida, ainda que a zaga deixasse a torcida de cabelos em pé. Mas , aos 7, Kleberson
soltou uma bomba de fora da área, no ângulo, que surpreendeu Fernando Prass,
mal colocado, e diminuiu o placar. A equipe voltava a ter esperança. Dois
minutos depois, em centro de Léo Moura, um pouco melhor na partida, Ronaldinho
esticou a perna mas não alcançou a bola, perdendo a chance do empate.
A partida
continuava emocionante. Kleberson, de cabeça, obrigou Prass a boa defesa. O
Vasco começava a perder a força no meio-campo. O técnico Cristóvão trocou
Alecsandro por Nilton. Pouco depois, tirou Felipe, destaque do time, para pôr
Carlos Alberto. O camisa 6 saiu insatisfeito. Joel também mexeu: sacou Luiz
Antônio e, curiosamente, Kleberson, destaque da equipe rubro-negra, para lançar
Renato Abreu e Negueba. A torcida rubro-negra vaiou.
A partida
caiu de rendimento. Já cansado, o Flamengo tentava chegar ao empate. Love e
Ronaldinho, este mais aberto pela esquerda e menos apagado, tentavam resolver,
mas esbarravam nos erros já de muito antes da partida deste domingo. A falta de
fôlego dos principais jogadores era visível.
Do lado
do Vasco, Diego Souza também dava sinais de cansaço. A equipe tentava, nos
contra-ataques, ampliar. Mas a safra de gols no Engenhão neste domingo já havia
se esgotado. No entanto, ninguém no estádio podia sair reclamando de falta de
emoção. E o torcedor cruz-maltino vai fazer a festa por um longo tempo. Afinal,
nada melhor do que passar para a decisão e agravar a crise do grande rival.
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